Análise: a reta final de campanha

À espera de um milagre.


Assim pode-se resumir a situação do PT nessa reta final das eleições de 2018. O Partido dos Trabalhadores adota uma postura mais agressiva e aposta nos eleitores do nordeste, numa tentativa de reverter o quadro que coloca Jair Messias Bolsonaro, do PSL, como provável vitorioso nas urnas no próximo dia 28.



Táticas como cobrar a participação do adversário em debates, acusação de caixa dois e apelar para promessas como aumento do Bolsa Família e redução do preço do botijão de gás são algumas das táticas, falidas em minha opinião, para tentar reverter o difícil quadro.


Em resumo, a intenção do PT é criar os chamados “fatos políticos” que possam desequilibrar o adversário. A primeira delas é o caso da acusação de caixa dois, por parte do candidato do PSL. A acusação diz que empresários teriam gasto R$ 12 milhões na compra de pacotes e noticiais falsas para serem disseminadas em aplicativos de mensagens.


O Superior Tribunal Eleitoral acaba sendo obrigado a abrir uma investigação sobre o caso. Preliminarmente aparece que a investigação não chegará a uma conclusão muito profunda. Em contrapartida, o jornal Folha de São Paulo, que publicou a matérias com a primeira acusação sofre com uma enxurrada de críticas e até ameaça de processo. O empresário Luciano Hang, dono da Havan, citado na reportagem, ameaça processar o jornal e se vencer o processo a indenização levaria o veículo de comunicação à falência. Pelo menos é o que dizem os mais afoitos críticos do jornal.


O fato mais recentemente envolve o surgimento de um vídeo do deputado eleito, Eduardo Bolsonaro, falando que seria fácil fechar o Supremo Tribunal Federal, necessitando o apenas de um soldado em cabo. O discurso foi proferido há quatro meses, quando o então candidato a deputado federal proferia palestra para estudantes de um cursinho pré-vestibular.


A fala teria sido uma resposta a uma pergunta sobre o que poderia ocorrer caso a candidatura de seu pai fosse impugnada. O Eduardo e o pai já se pronunciaram a respeito, dizendo que a afirmação foi feita dentro de um determinado contexto e que quem afirma que o Supremo pode ser fechado precisa de atendimento psiquiátrico. E segue o baile...


Para desestabilizar o adversário



Creio que tanto a questão do suposto caixa dois envolvendo fake news, bem como o vídeo de Eduardo Bolsonaro e o que mais aparecer nos próximos dias, pouco ou nada vão influenciar no resultado das urnas, bem como impedir que o candidato tome posse no dia 1º de janeiro de 2019. Mas podem complicar, de cara, a vida do futuro presidente.


O provável novo governo pode deixar de lado a expectativa de viver um curto (mas tradicional) período de lua de mel. A pedreira é grande no cenário político, sem contar o período de grandes mudanças que o cenário internacional apresenta.


Esse é o objetivo do PT. Que Bolsonaro comece seu governo com a perspectiva de um julgamento no STE e sob severas críticas e desconfianças. Antes mesmo de perder a eleição o PT começa a dar o tom de qual será o seu papel como oposição.


De tudo isso, acredito que o pessoal do PSDB e cia devem ficar atentos e aprender como se faz oposição… já que não conseguiram fazer isso bem feito nos últimos anos.


Enquanto isso Bolsonaro segue na defensiva. O trabalho de campanha se concentra em apagar incêndios. Não participa de campanhas de rua ou debates e tenta minimizar os focos de incêndio que surgem aqui e ali. A essa altura do campeonato o importante é não perder o que já conquistou ou deixar rastros para que seus adversários consigam ainda mais argumentos para atacá-lo.

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