Aos reitores de Institutos e Universidades Federais

Venho por meio deste dizer-lhes que percebo uma grande oportunidade por meio do programa Future-se. No entanto, não se trata de uma oportunidade de melhorar, de fato a educação. Mas a oportunidade de dar uma resposta à sociedade, e principalmente para o setor da educação privado, que é melhor não mexer com quem está quieto.



Minha proposta é simples: aproveitar o Future-se, acompanhado do know how de servidores, a marca e estrutura que uma instituição como os Institutos Federais e Universidades Federais já possuem, para ingressar de vez no mercado privado, quebrando a concorrência. Imagine o seu IF ou a sua UF, de uma hora para outra, abrindo 50 mil… 100 mil novas vagas na modalidade EaD, nos mais variados cursos. Cursos de licenciaturas, engenharias, tecnologias, bacharelados, pós-graduações, etc.



Só que esses cursos seriam pagos. Os alunos pagariam mensalidade. O grande truque, a grande cartada, o ingrediente secreto seria cobrar mensalidades extremamente BARATAS. No privado um curso de engenharia civil, por exemplo, custa em média R$ 1500,00 mensais. No IFSC seria R$ 200,00 a mensalidade. Cursos de licenciatura ou bacharelados em ciências sociais EaD com mensalidade de R$ 50,00.

Minha proposta é, ao invés de o IFSC levar seus servidores, alunos e meia dúzia de gatos pingados pra rua pra fazer protesto e serem taxados pela sociedade de vermelhos, esquerdopatas e idiotas úteis... deveríamos mergulhar na lógica capitalista e usar o que temos a nosso favor para quebrar o sistema. Mas o negócio deveria ser feito com agilidade, para que não se perca o elemento surpresa. Abrir muitos cursos, de forma muito rápida e com valores muito baratos. Além disso, o ingresso deve ser simples e aberto ao máximo de pessoas.

Na prática, em pouco tempo, os próprios empresários do setor da educação privada estariam de joelhos diante do MEC pedindo a extinção do Future-se. Seria a forma de protesto mais inteligente. Dirão que estamos jogando baixo. Mas jogam baixo com a gente há anos e nós nada fazemos. Os donos, os empresários que comandam dos Univarejões da vida vivem pressionando o estado para sucatear o ensino público. Pois bem, conseguiram. Agora o ensino público deve revidar virando, basicamente, um Univarejão.

E a qualidade? E a pesquisa? E a extensão?


Então alguém me pergunta: mas e a qualidade? Se o MEC e a sociedade não estão preocupados com a qualidade da educação, porque nós deveríamos estar? Já estamos roucos de tanto bater nessa tecla. Cansados de defender educação de qualidade pelos métodos tradicionais. Então acredito que deveríamos “quebrar” o sistema para mostrar o quão importante é nossa luta. Pesquisa e extensão? Esqueça. Se o setor privado faz pesquisa e extensão mal e porcamente, nós também faremos.




Nosso objetivo também será, maquiavelicamente, o lucro. Em outras palavras, a minha ideia é usar o Future-se para abrir muitos, muitos e muitos cursos e vagas pagas. Inundar o mercado, mas com mensalidades quase irrisórias a ponto de fazer estudantes de instituições privadas migrarem para o ensino público pago. O mercado privado tomaria um baque.

Para convencer os servidores a ingressar nesse barco, eu usaria os próprios valores monetários arrecadados com as mensalidades e redistribuiria entre os participantes desse trabalho, como forma de bonificação por méritos. Adotando as práticas capitalistas mais primárias para, justamente, fazer frente a quem quer nos derrubar, nos sucatear e nos pisotear.

Sei que parece loucura e que é um pouco cruel o que proponho. Mas é que estou cansado de ser humilhado, de ser chamado de vadio e de ouvir dizer que a educação pública é uma vergonha. Poucos sabem o quão importante o que fazemos. Entretanto, a sociedade só sentirá falta quando ficar sem. O mercado vai perceber que não deveria ter nos colocado no páreo.

Fica a ideia… estamos morrendo. Estão nos matando aos poucos. Mas não podemos cair sem lutar. Vamos lutar com criatividade. Dar a eles um pouco do seu próprio veneno.

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